domingo, 18 de dezembro de 2011

I Encontro de Extensão e Pesquisa do Núcleo de Artes Cênicas


TOCO no "V Diálogos com Paulo Freire" - Relato

TOCO - TEATRO DO OPRIMIDO NA COMUNIDADE

V DIÁLOGOS COM PAULO FREIRE

Lucia Berndt¹

Em 18 de novembro de 2011 começa o V Diálogos com Paulo Freire no IF-Sul – Instituto Federal Sul-rio-grandense em Pelotas – RS. A professora e coordenadora do Grupo TOCO, Fabiane Tejada, apresentou o trabalho “Projeto Teatro do Oprimido na Comunidade: Reflexões sobre o Diálogo do Espect – Ator”.

Às 19h a Toco’mana Lucia Berndt apresentou a cena “Mão Livre”, esquete baseada na adaptação da obra de autoria de Augusto Boal e de G. Guarnieri, com música de Edu Lobo, no auditório do Enilda Feistauer, nesta mesma instituição. O trabalho tem 15 minutos de duração, foi adaptado por Lucia Berndt, a partir da peça musical “Arena Conta Zumbi”, representada pelo Teatro de Arena (1956 a 1970), de São Paulo, em 1965. O esquete fala da marcha pela liberdade que norteou a vida de Zumbi dos Palmares. O tema representa ainda uma atualidade, que se encontra na constatação da realidade em que vivemos, onde pessoas ainda são submetidas a cativeiros e trabalho escravo.

Nos diálogos apresentados durante o evento se falou da importância de se ter coerência, na busca consciente, no que falamos, nos projetos, na nossa teoria com a nossa prática. Se estamos fazendo e como estamos fazendo algo. Muitas vezes o que parece ser uma obviedade, não é tão óbvio assim e acabamos não nos dando conta de que temos que aplicar o que foi pensado, de forma justa e honesta com a gente, não se esquecendo da importância desta transposição, do que fazemos com o que pensamos e se conseguimos com que aconteça. Isso por si só já faz uma grande diferença.

E falando em fazer, também se colocou a importância de se fazer o caos, fazermos mudanças diariamente, remexermos no que está parado, estagnado, apodrecendo para desestabilizar situações de comodismo.

E saindo deste comodismo é que serão feitas as inovações pedagógicas, rompendo com a educação tradicional, apostando nas possibilidades dentro das escolas públicas com novas experiências, resgatando o inédito viável, mesmo sabendo que existem limitações, mas sabendo quais são elas, pode-se se trabalhar e ultrapassá-las, por isso a importância do diálogo e qual o diálogo se quer estabelecer.

Perguntaram para Paulo Freire como ele conseguiu fazer uma determinada tarefa e ele respondeu que “Porque não tinha ninguém ali para dizer para ele que não conseguiria!”

Na manhã de sábado, o evento oferece oficinas e o grupo TOCO ministrou uma oficina de teatro com o objetivo de proporcionar a expressão e o diálogo dos participantes entre as “marchas”, as lutas e os trabalhos que estão sendo realizados pelo grupo com o pensamento de Paulo Freire.

Participaram da oficina de Teatro do Oprimido dez pessoas, entre elas estudantes, mestrandos e profissionais das áreas de pedagogia, advocacia, letras, economia e educação ambiental.

Foram feitos exercícios de alongamento e aquecimento para logo, começarem com o teatro fórum. Divididos em dois grupos, cada grupo escolheu trabalhar com cenas de opressão de professores com seus alunos.

Depois da oficina os grupos e ministrantes das oficinas foram se dirigindo para o auditório para uma circulo de cultura e para todos apresentarem uma síntese provisória sobre as atividades feitas naquela manhã.

Já no auditório, representante do Centro de Professores do Estado do RS – CEPERS, passou informações sobre Assembléia Geral que aconteceu no dia 18 de novembro no Gigantinho em Porto Alegre e que deflagrou greve por tempo indeterminado da educação no RS. A categoria exigia a implementação do piso salarial para professores e funcionários de escola e também cobra a retirada dos projetos de reforma do ensino médio e de alterações nos critérios de avaliação dos professores. Também estava Giselda Grzeca Diesel, representante da CUT Regional ao qual falou sobre “A Marcha das Margaridas” e sobre a conquista e adesão das 100 mil mulheres que participaram da marcha em 2011, que é uma ação estratégica das mulheres do campo e da floresta para conquistar visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena, avançando na construção de igualdade para as mulheres.

Unir marchas requer uma mudança que não é simples, pois exige um dinamismo para não se perder o objetivo.

Logo, foram apresentadas as sínteses das oficinas, o grupo TOCO apresentou através dos participantes a cena que mostra a opressão de uma professora severa e que não faz questão nenhuma de ouvir, uma pessoa rigorosa na sua forma de lecionar e de se posicionar em relação a sua classe e as mudanças naturais que acontecem com as crianças e jovens atuais. Na cena também entra o diretor que oprimi em relação aos modos e trajes dos alunos da escola, colocando condições e obrigações todo tempo. Na entrada de alguns participantes da platéia nas cenas e que se fazem passar pelos alunos que eram oprimidos todo tempo pela professora, já se consegue com muito custo e discurso que a opressora comece a esboçar uma vontade de ouvi-los e aprender e mudar em relação a algumas posições dos alunos, como por exemplo, implantar, com o auxílio da internet, novas formas de dar aulas.

Através da síntese da oficina de música, cantando a música de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores”, todos que estavam presentes no auditório deram as mãos, caminhando e cantando em roda, desejando para nossos, amigos, colegas, irmãos que estavam ao nosso lado, palavras de amizade, respeito e luta. Foi um acontecimento muito emocionante.

O evento proporcionou ainda uma palestra com o professor Balduíno Andreola, da UFRGS/Unilasalle e a professora Ana Lucia Freitas da PUC/RS.

Falam que Paulo Freire é utópico, mas para quem está em um evento como este, neste contexto apresentado, é normal sonhar e ser utópico, porque quem está ali tem clareza desta utopia, é consciente e luta para a realização do máximo possível do realizável. Somos andarilhos, pois as andarilhagens são o acumulo de experiências, é a base para o amadurecimento para seguir com as marchas.

O Grupo TOCO não é o mesmo desde quando iniciou, estamos mais maduros, mais dispostos, mas nossa luta ainda é a mesma e é utópica e por essa utopia, que faz parte do nosso grupo, é que não deixamos de fazer, e está aí a nossa inquietação.

O grupo vê em qualquer luta uma pedagogia e em qualquer método de ensino uma luta, por isso, todas as lutas são pedagogias das marchas.

¹ Acadêmica do Curso de Teatro Licenciatura da UFPel e atuante do Grupo Teatro do Oprimido na Comunidade - TOCO

V Diálogos com Paulo Freire

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

TOCO no Teatro de Arena POA

Cecilia Boal e Silvia - Teatro de Arena POA

Augusto Boal – 80 anos Nossa Homenagem

 

Uma parceria do Programa de Pós-Graduação em artes Cênicas e do Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS com o Instituto augusto Boal e Teatro de Arena de Porto Alegre.

Na visita da professora/doutora Silvia Balestreri a Pelotas para uma palestra dia 28 de setembro, que faz parte do Ciclo de Palestras do PIBID, o grupo recebeu convite para participar desta merecedora homenagem a Augusto Boal que acontecerá no Teatro de Arena de Porto Alegre, localizado na Borges de Medeiros. O Teatro foi fundado em 1967 e tem Arena de três lados, com capacidade para 110 espectadores, um lugar muito aconchegante para esta atividade informal e singular.

Dia 16 de outubro então, o Grupo TOCO estava lá. Depois de uma viagem, digamos um tanto quanto barulhenta e com atrasos, chegamos a Porto Alegre, mais precisamente, diretamente no Teatro de Arena, nem um minuto a mais nem a menos para podermos assistir a palestra com Cecília Boal, primeira atividade do evento.

Cecília pede que os presentes falem de suas experiências para iniciar um debate e uma das questões já levantadas é que para trabalhar com o Teatro do Oprimido tem que haver alternativas de debate, se não existe, nem se propõe. Fabiane Tejada, orientadora e componente do grupo TOCO, fala da dificuldade que existe de colaboração dos representantes de comunidades, Cecília diz que temos que estar onde querem que estejamos, que não adianta ficar forçando, tem ajuda quem quer.

Cecília fala que tem que haver um deslocamento de poder, nós que estamos ali, o detemos de certa forma, somos pessoas que lêem, que falam, que se colocam e lidamos com pessoas que não tem esse “poder”, o que é natural para nós, para outros é a simplicidade e humildade. Enquanto não houver esse deslocamento não teremos resultados, baseado na pedagogia de Paulo Freire ela diz que todos temos a ensinar e a aprender, ninguém detém um poder total.

O Teatro do Oprimido não tem que ser um espetáculo, é uma militância, é um importante processo sem visar o produto final, ele é um instrumento metodológico e tem que começar a ser discutido nas academias.

Cecília se dirigiu para o Parque Farroupilha, para o Parque da Redenção, onde a Trupe de Atuadores “Ói Nóis Aqui Travéiz” ofereceu a apresentação do fantástico espetáculo de rua “O Amargo Santo da Purificação”.

Logo, às 19h, começou Boal-e-Nós, boais-em-nós: apresentações artísticas, depoimentos e comentários afetivos sobre o legado de Augusto Boal. Uma homenagem marcante e emocionante de artistas e amigos de Boal, onde nossa colega Toco´Mana Lucia apresentou sua esquete “Mão Livre”, baseada na peça musical de 1960 “Arena Conta Zumbi”.

Para o grupo foi um dia especial, de muitos conhecimentos e com muitas trocas, tanto de experiências acadêmicas como pessoais.

Lucia Berndt

Acadêmica do Curso de Teatro Licenciatura da UFPel.

Ciclo de Palestras PIBID debatendo teatro e educação

Lucia Berndt

Quarta-feira 28 de setembro de 2011

Nesta data tivemos no Auditório do CEARTE a segunda palestra intitulada: “Teatro do Oprimido: considerações sobre um Boal “teatro-pedagogo”, que faz parte da programação do ciclo. A Professora/doutora Silvia Balestreri Nunes que palestrou é atualmente coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRGS, possui graduação nos cursos Bacharelado em Psicologia e Formação de Psicólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Silvia trabalha com o teatro do oprimido em disciplina, pesquisa e estágio. Participou do Plano Piloto da Fábrica de Teatro Popular e da primeira formação do CTO-Rio.

Silvia introduziu sua fala esboçando algumas atividades da sua trajetória com o Teatro do Oprimido e características desta trajetória que vem desde 1985 como atriz e curinga no CTO-Rio.

Logo ela sugeriu que nos separássemos em grupos, e que alguns com alguma experiência em TO ficassem com outros que não tinham e se formasse grupos com intuito de levantar dúvidas baseadas em duas perguntas: 1. O que sabem do TO e dos termos Curinga? 2. O que gostaríamos de conversar naquele momento?

Os grupos foram divididos e logo formaram novos grupos, e assim sucessivamente iríamos passando o que escutávamos no grupo anterior, ou seja, montamos grupos de fofocas (como ela mesma intitulou) para disseminar ali informações e dúvidas sobre esta prática do Teatro do Oprimido.

Surgiram muitas informações e também dúvidas, passadas de grupo a grupo onde reunimos todas no final para debatermos, as principais foram:

- Se é visto algum tipo de transformação para quem já trabalha com o TO?

- A diferença do Teatro Invisível para um teatro de pesquisa sem base, ou seja, quando existe e como distinguimos a ética nesta modalidade?

- Quais as diferenças entre a teoria e a prática no Teatro Fórum?

Baseados então nestas questões, o grupo começou a debater coletivamente trocando experiências com informações.

Silvia informa que existem três ou quatro questões para se ter um bom Fórum e que elas cabem praticamente ao curinga, pois é ele quem tem que conduzir com qualidade e muita sensibilidade o trabalho, ele tratará e desenvolverá o tema e os problemas de opressão apresentados por cada um. Segunda questão é o que se quer? Logo ele pergunta: o que atrapalha vocês de conseguirem e quais são as saídas que serão colocadas para o tema levantado. É importante que o curinga entenda essas saídas, mas também questione aonde se quer chegar. A função é deixar de ser necessário, orientar para o caminho da autonomia.

Este artigo pode ser visto na íntegra em: http://tocoufpel.blogspot.com/2011/10/3-ou-4-perguntas-para-um-bom-forum.html

Também se falou da dificuldade e algumas práticas em trabalhar com o TO envolvendo crianças que já sofreram maus tratos e/ou violência sexual. Silvia indicou o autor Hélio Júnior da Rocha de Lima com o livro Pedagogia de um Teatro Popular, disponível emhttp://www.cedecacasarenascer.org/Publicacoes/Livros/pedagogiadoteatropopular.pdf.

Para encerrar Silvia faz um convite para o evento que acontecerá no dia 16 de outubro, no Teatro de Arena de Porto Alegre, uma homenagem aos 80 anos de Augusto Boal. A primeira atividade do evento começa na parte da tarde e será um encontro de curingas, praticantes do Teatro do Oprimido e demais interessados. Depois a Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz dedicará a Augusto Boal a apresentação do espetáculo de rua O Amargo Santo da Purificação no Parque Farroupilha, voltando para o teatro de Arena terá Boal-e-Nós, boais-em-nós: apresentações artísticas, depoimentos e comentários afetivos sobre o legado de Augusto Boal.

Nesta última atividade terá a apresentação da colega Pibidiana Lucia Berndt homenageando A. Boal com uma cena curta e adaptada da peça “Arena Conta Zumbi” chamada “Mão Livre”.

Teatro Licenciatura 2008