terça-feira, 27 de novembro de 2012

XXI Congresso de Iniciação Científica da UFPEL



O Teatro do Oprimido na Comunidade também esteve presente no XXI Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas. Na manhã de Quarta-feira (21/11) a tocomana Graziele Barros compareceu a palestra sobre Currículo Lattes, onde foram esclarecidas algumas dúvidas acerca desse currículo padronizado do pesquisador. A apresentação de nossa pesquisa se deu em formato de pôster e ocorreu na tarde da última quinta-feira (22/11), onde estavam presentes as tocomanas Graziele Barros e a Professora Fabiane Tejada. Abaixo encontra-se o resumo expandido que está publicado nos anais do referente evento.


TEATRO DO OPRIMIDO PARA FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO DE SUJEITOS

BARROS, Graziele Soares de1; DIAS, Mauricio Mezzomo²; SILVEIRA, Fabiane Tejada da³

1Acadêmica de Teatro – Licenciatura/UFPEL – graziele.barros@yahoo.com.br; 2Acadêmico de Teatro – Licenciatura/UFPEL – mauriciomezzomo.ator@hotmail.com; 2 Professora Adjunto no Curso de Teatro – Licenciatura – CeArt/UFPEL. ftejadadasilveira@ig.com.br.

1 INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa tem como base a experiência no Projeto de Extensão Teatro do Oprimido na Comunidade (TOCO), que leva oficinas de teatro para bairros periféricos da cidade de Pelotas. A partir deste projeto buscamos a relação entre o Teatro do Oprimido – técnica teatral elaborada por Augusto Boal para democratização do teatro – e a formação e autoformação dos sujeitos envolvidos.
 Quando discutimos o conceito de formação em nosso estudo, nos referimos à formação de professores de teatro, pois os acadêmicos ministrantes das oficinas nos bairros, estudam no Curso de Teatro-Licenciatura da UFPel. O conceito de autoformação é trabalhado a partir das reflexões feitas com os acadêmicos e os demais sujeitos envolvidos com o teatro que participam do projeto nos bairros.
Augusto Boal pretende um teatro do Oprimido, que seja “[...] DOS oprimidos, PARA os oprimidos, SOBRE os oprimidos e PELOS oprimidos [...]” (BOAL, 2011, p.30). Isso que Boal propõe já nos mostra uma grande preocupação com as biografias dos sujeitos - que são produtores de um teatro que os revela - e um grande interesse na apropriação das técnicas do fazer teatral por esses, sejam eles atores ou não atores. O teatro do oprimido não é apenas mais uma forma de arte, mas um projeto de emancipação de vidas.
Boal quer dar a todos o direito da ação no teatro, ou seja, fazer com que espectadores não mais sejam apenas passivos perante a cena. Ao colocarmos biografias em ação, em um mesmo espaço e tempo - com o intuito dos sujeitos refletirem-se na própria ação - já estamos provocando o processo de formação e autoformação. Nas oficinas ministradas pelo TOCO procuramos, a partir da sensibilização corporal, compartilhar experiências teatrais e de vida. Quase nunca precisamos correr atrás das opressões, elas surgem espontaneamente através do contar-se na ação.

2 METODOLOGIA (MATERIAL E MÉTODOS)

No início do trabalho criamos um ambiente propício para a construção de saberes e de conhecimentos, para que a todo tempo, enquanto estamos em atividade teatral os sujeitos façam a relação com o que vivem e com o que viveram, buscando com tais atividades cênicas que os sujeitos reflitam sobre o processo de autoformação. A pesquisa qualitativa com observação participante e coleta de narrativas das pessoas envolvidas nos projetos nos pareceu o melhor método para identificar quais foram ás relações feitas pelos sujeitos da pesquisa, já que a narrativa proporciona a produção do saber, e não seu consumo.
Trabalhamos com pesquisa bibliográfica durante todo o processo de desenvolvimento das oficinas nas comunidades, tendo em vista que os sujeitos, futuros professores envolvidos com a pesquisa utilizam do referencial teórico para construir suas relações com a prática da comunidade. Essa metodologia possibilita que a partir de nossas reflexões pessoais sobre nossa práxis possamos dar novos significados ao que aprendemos, tornando ressignificado o conhecimento.

o método autobiográfico tem-se mostrado como opção e alternativa às disciplinas das ciências humanas, para fazer mediação entre a história individual e a história social, visto que, “o seu caráter essencial, é a sua historicidade profunda, a sua unicidade” ao afirmar que toda práxis humana é reveladora das apropriações que os indivíduos fazem das relações e das próprias estruturas sociais, para ele podemos conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma práxis individual. (MOURA apud. SILVEIRA, 2010, p.2)

Para produzir as reflexões autobiográficas utilizamos de narrativas orais e escritas, pois tanto uma quanto outra têm seu valor enquanto produção de saberes. “Saber narrar é não apenas exercício de memória, mas é também estimular a tomada de posição” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991, p. 28). A narrativa provoca a reflexão e pode ser compreendida também como uma forma de ação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto TOCO existe desde 2010 e surgiu da vontade de acadêmicos da Licenciatura em Teatro de colocar na prática os ensinamentos de Boal. Desde então o projeto já passou por duas comunidades: Dunas e Z3. Atualmente trabalhamos na comunidade da Z3 atendendo a crianças de 12 a 15 anos que têm interesse em fazer teatro.
Dentro de nossas oficinas trabalhamos com as técnicas de Augusto Boal, mas também com outros autores teatrais, fazendo com que metodologias diferentes tenham o mesmo objetivo: torna-los sujeitos da ação. Isso porque acreditamos que a consciência corporal e lúdica faz com que as pessoas reflitam sobre sua realidade, sem que seja necessário explicitarmos essa busca, tornando o processo orgânico e natural.
Dentro de nossos referenciais teóricos encontramos também Paulo Freire e a educação popular como eixo norteador. Um de seus ensinamentos válidos em nossa prática é o uso da cultura que o sujeito nos traz. Dessa forma nossas oficinas se dão de acordo com a vontade dos envolvidos no processo, que coincidem com os nossos objetivos. Nesse projeto não buscamos uma cartilha fechada de metodologias prontas para serem aplicadas, não utilizamos os chamados “pacotes” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991), muito pelo contrário organizamos o saber de acordo com as oficinas. “Esse saber organizado se compõe a partir de situações de reconhecimento.” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991, p. 27).
Além disso, para nós acadêmicos esse é um projeto rico, pois agrega: teoria, prática sobre a teoria e experiência de vida. É esse o diferencial do projeto e o que faz com que nós também sejamos sujeitos da ação, pois não estamos inseridos como meros transmissores de conhecimentos, se não que também estamos em constante aprendizado e autoconhecimento.

4 CONCLUSÃO

O TOCO é um projeto que está em andamento e que ainda tem muitos caminhos a percorrer. Isso porque o processo de formação e autoformação dos sujeitos pelas técnicas do oprimido precisam de tempo para reconhecimentos, reflexão e ação. Ainda nesse projeto precisamos ir à busca de maior referencial teórico para auxiliar-nos em nossa prática. Também é necessário um tempo maior com o grupo o qual estamos trabalhando na Z3 para que seja possível o levantamento de dados referente à pesquisa com aqueles sujeitos.
O trabalho do TOCO é comprometido com o trabalho na comunidade e visa à promoção de meios para a capacitação de sujeitos capazes de se pensarem no mundo, de agirem e promoverem transformação social. Através da metodologia que nos apropriamos, buscamos formar sujeitos a partir de suas histórias de vida. Ao narrar-se em ação o sujeito se percebe e se transforma. Deparando-se com outras histórias que convergem, e ao mesmo tempo, divergem da sua, o ser da ação promove sua própria formação. O processo onde se encontram educadores e educandos em um mesmo tempo e espaço, trazendo para esse suas autobiografias, é inevitavelmente formador e autoformador para ambos.

5 REFERÊNCIAS

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que fazer – Teoria e Prática em Educação Popular. Petrópolis: Vozes, 1991.

SILVEIRA, Fabiane Tejada da. Revisitando pressupostos histórico-filosóficos para pensar a pesquisa autobiográfica nos processos formativos. In: Anais do VI CICLO DE ESTUDOS – EDUCAÇÃO E FILOSOFIA: TEM JOGO NESSE CAMPO?, UFPel -Pelotas, 2010.

 

Seminário Avançado Filosofia, Educação e Sociedade: Diferentes leituras e reflexões acerca da biobibliografia de Paulo Freire

Iniciou nesse dia 23 de novembro de 2012 a disciplina "Seminário Avançado Filosofia, Educação e Sociedade: Diferentes leituras e reflexões acerca da biobibliografia de Paulo Freire", na qual os integrantes do TOCO, Mauricio Mezzomo Dias e Graziele Soares de Barros, estão participando. Os integrantes também ministrarão no mês de fevereiro, dia 15, uma aula intitulada "o diálogo do oprimido em Paulo Freire e Augusto Boal", com a orientação e participação da coordenadora do projeto Fabiane Tejada da Silveira.
Nesta primeira aula, o professor Gomercindo Ghiggi, traçou uma linha do tempo das obras de Paulo Freire na sua biografia, dividindo estas em 6 períodos.

VI Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire


Realizado entre os dias 16 e 17 de novembro de 2012, o VI Seminário Diálogos com Paulo Freire, contou com a participação dos acadêmicos, integrantes do projeto de extensão Teatro do Oprimido na Comunidade, na modalidade de comunicação de ártigo, contando com a públicação do mesmo, intitulado "A formação docente no Teatro do Oprimido e a relação com Paulo Freire".
Foram dois dias de discussão onde diversos pontos de vista e diversas áreas do conhecimento convergiam para um mesmo referêncial teórico: Paulo Freire. Dentre os temas mais significativos que encontrei foi a busca da revalorizção do corpo, do sensível na construção do conhecimento, buscando entender o sujeito de forma mais integral, valorizando o movimento e a percepção do mundo que nos cerca.
Um evento desse genêro tem muito a contribuir com vivicação do desejo de renovação e transformação social, um desejo que de tempos em tempos, é abafado pela acomodação e a sensação de imobilidade.

Mauricio Mezzomo Dias

I Seminário Internacional de Ensino de Arte - Cultura visual, Escola e Cotidiano



Na manhã de quinta-feira (22/11) o projeto Teatro do Oprimido na Comunidade compareceu ao I Seminário Internacional de Ensino de Arte para apresentar um relato da pesquisa e da extensão. Na sala de comunicações diversas áreas de artes estavam presentes, dentre elas destaca-se a presença dos acadêmicos da música licenciatura mostrando como se dava o ensino de música para séries iniciais (já que agora virou lei). O diálogo entre as áreas foi bastante enriquecedor para nos conhecermos e inter-relacionarmos nossas práticas. Abaixo está o artigo que foi publicado nos anais do referente evento.
 

TEATRO DO OPRIMIDO PARA FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO DE SUJEITOS

BARROS, Graziele Soares de¹; DIAS, Mauricio Mezzomo²; SILVEIRA, Fabiane Tejada da³.

¹Acadêmica de Teatro – Licenciatura/UFPEL; ²Acadêmico de Teatro – Licenciatura/UFPEL; ³Professora Adjunto no Curso de Teatro – Licenciatura – CeArt/UFPEL.

Resumo:
Este trabalho relata o estado da pesquisa realizada pelos sujeitos envolvidos no projeto de extensão Teatro do Oprimido na Comunidade. O projeto iniciado em 2010 tem como objetivo pesquisar a formação dos alunos de Teatro-Licenciatura envolvidos, e a autoformação dos mesmos e dos demais sujeitos engajados. Atualmente são oferecidas oficinas de Teatro do Oprimido na comunidade Z3 para crianças de 12 a 15 anos.

Nossa pesquisa tem como base a experiência no Projeto de Extensão Teatro do Oprimido na Comunidade (TOCO), que leva oficinas de teatro para bairros periféricos da cidade de Pelotas. A partir deste projeto buscamos a relação entre o Teatro do Oprimido – técnica teatral elaborada por Augusto Boal para democratização do teatro – e a formação e autoformação dos sujeitos envolvidos.
Quando discutimos o conceito de formação em nosso estudo, nos referimos à formação de professores de teatro, pois os acadêmicos ministrantes das oficinas nos bairros, estudam no Curso de Teatro-Licenciatura da UFPel. O conceito de autoformação é trabalhado a partir das reflexões feitas com os acadêmicos e os demais sujeitos envolvidos com o teatro que participam do projeto nos bairros.
Augusto Boal pretende um teatro do Oprimido, que seja “[...] DOS oprimidos, PARA os oprimidos, SOBRE os oprimidos e PELOS oprimidos [...]” (BOAL, 2011, p.30). Isso que Boal propõe já nos mostra uma grande preocupação com as biografias dos sujeitos - que são produtores de um teatro que os revela - e um grande interesse na apropriação das técnicas do fazer teatral por esses, sejam eles atores ou não atores. O teatro do oprimido não é apenas mais uma forma de arte, mas um projeto de emancipação de vidas.
Boal quer dar a todos o direito da ação no teatro, ou seja, fazer com que espectadores não mais sejam apenas passivos perante a cena. Ao colocarmos biografias em ação, em um mesmo espaço e tempo - com o intuito dos sujeitos refletirem-se na própria ação - já estamos provocando o processo de formação e autoformação. Nas oficinas ministradas pelo TOCO procuramos, a partir da sensibilização corporal, compartilhar experiências teatrais e de vida. Quase nunca precisamos correr atrás das opressões, elas surgem espontaneamente através do contar-se na ação, ou como diria Gianni Rodari, “com as estórias e os procedimentos fantásticos para produzi-las, estamos ajudando as crianças a entrar na realidade muito mais pela janela que pela porta. É mais divertido, e [sic], portanto mais útil.” (RODARI, 1982, p.30) O que propomos a maioria das vezes é fazer com que os participantes da oficina tenham a oportunidade de entrar na realidade através da janela, ou seja, de forma indireta, mais prazerosa do que pela porta.
Nosso objetivo é proporcionar a elaboração de narrativas pessoais provocadas pela prática do Teatro do Oprimido e através delas identificar os pressupostos teórico-metodológicos que fazem interface com teatro e educação e, desta forma, enriquecer os conhecimentos produzidos na área das pesquisas autoformativas - pensando sempre que a formação do sujeito se dá a partir da tomada de consciência de si no próprio processo, ou seja, a formação não é um produto acabado. Nossos sujeitos são os futuros professores de teatro e os participantes das comunidades atingidas pelo projeto TOCO.
No início do trabalho da extensão na comunidade criamos um ambiente propício para a construção de saberes e de conhecimentos, para que a todo tempo, enquanto estamos em atividade teatral os sujeitos façam a relação com o que vivem e com o que viveram, buscando com tais atividades cênicas que os sujeitos reflitam sobre o processo de autoformação. A pesquisa qualitativa, com observação participante e coleta de narrativas, orais e escritas, das pessoas envolvidas nos projetos, nos pareceu o melhor método para identificar quais foram as relações feitas pelos sujeitos da pesquisa, já que a narrativa proporciona a produção do saber, e não seu consumo.
Trabalhamos com pesquisa bibliográfica durante todo o processo de desenvolvimento das oficinas nas comunidades, tendo em vista que os sujeitos, futuros professores envolvidos com a pesquisa, utilizam este referencial teórico para construir suas relações com a prática da comunidade. Essa metodologia possibilita que a partir de nossas reflexões pessoais sobre nossa práxis possamos dar novos significados ao que aprendemos, tornando ressignificado o conhecimento.

o método autobiográfico tem-se mostrado como opção e alternativa às disciplinas das ciências humanas, para fazer mediação entre a história individual e a história social, visto que, “o seu caráter essencial, é a sua historicidade profunda, a sua unicidade” ao afirmar que toda práxis humana é reveladora das apropriações que os indivíduos fazem das relações e das próprias estruturas sociais, para ele podemos conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma práxis individual. (MOURA apud. SILVEIRA, 2010, p.2)

Para produzir as reflexões autobiográficas utilizamos de narrativas orais e escritas, pois tanto uma quanto outra têm seu valor enquanto produção de saberes. O saber científico se dá através de conceitos escritos, já o saber popular através das narrativas orais, ambos formam os sujeitos e promovem reflexões. “Saber narrar é não apenas exercício de memória, mas é também estimular a tomada de posição” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991, p. 28). A narrativa provoca a reflexão e pode ser compreendida também como uma forma de ação.
O projeto TOCO existe desde 2010 e surgiu da vontade de acadêmicos da Licenciatura em Teatro de colocar na prática os ensinamentos de Boal. Desde então o projeto já passou por duas comunidades: Dunas e Z3. Foi em 2011 então que se criou o Grupo de Estudos e Pesquisas em Teatro, Educação e Práxis Social, para que pudéssemos criar um material bibliográfico sobre nossas atuações. Dentro dessa temática surgiu a pesquisa sobre formação e autoformação dos sujeitos relacionados ao projeto. Atualmente trabalhamos na comunidade da Z3 atendendo a crianças de 12 a 15 anos que têm interesse em fazer teatro.
Dentro de nossas oficinas trabalhamos com as técnicas de Augusto Boal, mas também com outros autores teatrais, fazendo com que metodologias diferentes tenham o mesmo objetivo: torná-los sujeitos da ação. Isso porque procuramos desenvolver o que Boal (2011) chama de “plano geral da conversão do espectador em ator”, que conta com 4 etapas: conhecimento do corpo, tornar o corpo expressivo, o teatro como linguagem e o teatro como discurso. Isso porque acreditamos que a consciência corporal e lúdica faz com que as pessoas reflitam sobre sua realidade, sem que seja necessário explicitarmos essa busca, tornando o processo orgânico e natural.
Dentro de nossos referenciais teóricos encontramos também Paulo Freire e a educação popular como eixo norteador. Um de seus ensinamentos válidos em nossa prática é o uso da cultura que o sujeito nos traz. Dessa forma nossas oficinas se dão de acordo com a vontade dos envolvidos no processo, que coincidem com os nossos objetivos. Nesse projeto não buscamos uma cartilha fechada de metodologias prontas para serem aplicadas, não utilizamos os chamados “pacotes” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991), muito pelo contrário organizamos o saber de acordo com as oficinas. “Esse saber organizado se compõe a partir de situações de reconhecimento.” (FREIRE; NOGUEIRA, 1991, p. 27).
Além disso, para nós acadêmicos esse é um projeto rico, pois agrega: teoria, prática sobre a teoria e experiência de vida. É esse o diferencial do projeto e o que faz com que nós também sejamos sujeitos da ação, pois não estamos inseridos como meros transmissores de conhecimentos, se não que também estamos em constante aprendizado e autoconhecimento. Como diz Freire em seu livro A Pedagogia da Autonomia (1996): “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”(p.47).
O TOCO é um projeto que está em andamento e que ainda tem muitos caminhos a percorrer. Isso porque o processo de formação e autoformação dos sujeitos pelas técnicas do oprimido precisam de tempo para reconhecimentos, reflexão e ação. Ainda nesse projeto precisamos ir à busca de maior referencial teórico para auxiliar-nos em nossa prática. Também é necessário um tempo maior com o grupo o qual estamos trabalhando na Z3 para que seja possível o levantamento de dados referente à pesquisa com aqueles sujeitos.
O trabalho do TOCO é comprometido com o trabalho na comunidade e visa à promoção de meios para a formação de sujeitos capazes de se pensarem no mundo, de agirem e promoverem transformação social. Através da metodologia que nos apropriamos, buscamos formar sujeitos a partir de suas histórias de vida. Ao narrar-se em ação o sujeito se percebe e se transforma. Deparando-se com outras histórias que convergem, e ao mesmo tempo, divergem da sua, o ser da ação promove sua própria formação. O processo onde se encontram educadores e educandos em um mesmo tempo e espaço, trazendo para esse suas autobiografias, é inevitavelmente formador e autoformador para ambos.

REFERÊNCIAS

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que fazer – Teoria e Prática em Educação Popular. Petrópolis: Vozes, 1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996
SILVEIRA, Fabiane Tejada da. Revisitando pressupostos histórico-filosóficos para pensar a pesquisa autobiográfica nos processos formativos. In: Anais do VI CICLO DE ESTUDOS – EDUCAÇÃO E FILOSOFIA: TEM JOGO NESSE CAMPO?, UFPel -Pelotas, 2010.
RODARI, Gianni. Gramática da Fantasia. São Paulo: Summus, 1982.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Núcleo Freire - Reunião de Novembro - 2012

No dia 05 de novembro de 2012 eu, Mauricio Mezzomo, e Graziele Soares de Barros, nos reunimos com o Núcleo Freire para discutirmos sobre as aulas da disciplina "Leituras Freirianas". Na reunião decidimos o formato da avaliação da disciplina e o cronograma das aulas. Além dessa pauta, foi discutido brevemente sobre a viagem à Santa Maria para o Seminário: Diálogos com Paulo Freire.

Resenha sobre o livro “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa” de Paulo Freire



          O livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire contém uma série de orientações ao docente que pretende exercer sua profissão baseado numa educação com princípios democráticos. Dividido em três capítulos traz ensinamentos desde a relação do educando com o educador até a relação do educando com a sociedade.
No primeiro capítulo Freire aponta tópicos que deverão ser previamente conhecidos antes do exercício docente, como sugere o próprio título “Não há docência sem discência”. Neste capítulo o autor aborda temáticas referentes à formação do educador. Segundo o autor, por exemplo, ética e criticidade são alguns dos pré-requisitos para se tornar docente. Mas o principal ponto deste capítulo é o conceito de “pensar certo”, que se trata do ato de estar sempre repensando sua ação enquanto docente, para que assim tenha seus objetivos e metas bem delineados e então possa exercer seu ofício com destreza.
Já no segundo capítulo o eixo principal é a tarefa docente em relação ao educando. Este trecho traz consigo a preocupação de entender que o docente educa para o mundo, e não apenas transmite conteúdos pré-estabelecidos. O docente, segundo Paulo Freire, deve ter consciência de si no mundo, para que assim possa transmitir esse senso crítico ao educando.
Por fim, no último capítulo o autor coloca a humanidade como norte para a profissão docente. Nesta parte entende-se que antes de serem docentes, também são humanos e que não é necessário ocultar essa face para o educando. Neste capítulo destaca-se o conflito entre “autoridade e autoritarismo” e “liberdade e licenciosidade”, deixando claro que o equilíbrio se dá com “liberdade e autoridade”.
O livro traz ensinamentos para todo tipo de professor e opiniões cheias de ideologia, e que podem ser de desagrado para o profissional que não tenha interesse numa educação com princípios democráticos e na dialogicidade. No entanto, é por esse mesmo motivo que serve como base para o trabalho do Teatro do Oprimido na Comunidade e para o nosso exercício docente, fazendo com que sempre estejamos em constante aprendizado e reflexão sobre a prática.